sexta-feira, 22 de junho de 2007

Em louvor ao Mestre! Alvíssaras!

E como eu meditasse profundamente, por sob as páginas arenosas de meu ofício, deparei-me com benção divina, verdadeira homília ao Mestre. Ei-la:

"Ele era velho.
Ele era belo.
E era bom como o pão, e puro como a água.
A sua barba branca e larga
era uma estriga de linho
num fuso de marfim velho. Ele era sozinho
E era cego, principalmente:
os seus olhos vazios tinham derramado
toda a própria beleza nos olhos da gente
que o viu sentado
no vale profundo,
sob o crepúsculo roxo que ele não via,
o cotovelo fincado na tartaruga
da lira, e a voz criando, pelo som, um mundo.

Um vento de elegia
levava o seu canto e deixava em cada ruga
da sua fronte e da sua veste
uma alma branca...

Ele era o Mestre.
E era cego, mas belo como um sol na névoa.
E tinha as mãos harmoniosas,
ágeis sobre as cordas como dois pensamentos.
Dos seus olhos ocos saía a treva,
mas dos seus lábios lentos
nasciam as palavras de asas luminosas."

por Guilherme de Almeida - "O Mestre"

HOSANNAH NAS ALTURAS! OH GLÓRIA!

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2 Comentários:

Às 22 de junho de 2007 às 18:23 , Anonymous Anônimo disse...

Oh Mestre, sinto-me extasiado com vosso blog! Obrigado! Obrigado!

 
Às 24 de junho de 2007 às 08:15 , Anonymous Anônimo disse...

fui eu que deixei isso, lá na comunidade do orko, há um tempão. esse blog já tava demorando a surgir. ^^

 

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